Sinopse:
Fogo e fatalidade parecem ser os protagonistas de A Mulher sob o Horizonte ou, antes, a única personagem. Fogo e fim dos Tarassevich, essa família aristocrática vinda do fogo da Rússia para os confins da floresta dos Vosges, fogo e fim da mansão da família, memória grotesca de um passado enterrado com a Revolução. Num universo condenado - a mansão -, o destino, a maldição e a fatalidade são elementos todo-poderosos. Perante eles, qualquer criatura se assemelha a um títere, um ser manipulado, nunca um agente. Criaturas dominadas pelos sentimentos mais extremos, encerradas num mundo que teimosamente fecham aos outros (Carmilla, a cigana, Michel), são prisioneiras de uma rede que não teceram, mas onde confirmam o mundo de Zinnaide, a avó, a megera perante a qual os filhos - Vladimir e Lev - não passam, também, de títeres. Tita é a personagem-chave deste mundo porque é a única que se revolta: tudo está contra ela, sobrevive ao fogo, à crueldade do pai e da avó, à sedução perversa do tio. Apoiada nos vagos vestígios da mãe, procura a verdade e uma saída, até reencontrar o fogo-fatalidade. O seu percurso parece confirmar afinal a tragédia, ela própria é essa oscilação entre o amor e a morte, entre a vida e a destruição. O tarot, herdado de Carmilla, a mãe, aponta a vida . um filho . como a salvação. Salvação, afinal, fatal?