Sinopse:
Luca está na casa dos quarenta. Para trás, deixara um casamento falhado. Agora vive com Anna, uma companheira com quem tentara construir um sonho a dois. Um sonho de liberdade. Amantes da natureza, tinham deixado a cidade e criado um centro hípico natural, que já não era senão um centro hípico "e mais nada", assente em rotinas, tarefas e hábitos diários. O sonho, a liberdade tinham-se perdido. Numa fria e ventosa manhã de Março, em cima de um nervoso puro sangue, Luca sai para um passeio pelas imediações da escola de equitação. O tempo não é do agrado da instável montada de Luca, que se empina, relinchando e projectando o seu cavaleiro para o chão. Ao levantar-se, o protagonista desta história é atingindo por uma revelação, um sentimento que ganhou forma, enquanto cavalgava, e palavra que o defina. Então, ao mesmo tempo que descobre os arranhões e as nódoas negras da queda, admite sentir-se imensamente infeliz. Rapidamente se apercebe da insatisfação que sente relativa a toda a sua vida. Desde esse momento, único, irremediável e irrepetível, nada volta a ser como antes. Uma sucessão fortuita de encontros fá-lo conhecer Alberta, uma mulher que, como ele, atravessa uma crise momentânea. Impetuosa e espontânea, Alberta envolve Luca nas suas relações pessoais, e apresenta-lhe Maria Chiara, a mulher com que ele sempre havia sonhado… O amor, a paixão, no sentido mais total e inelutável, irrompe como o catalizador do potencial de mudança que o autor pressupõe existir naquele momento de crise. Como se perdesse a identidade, as percepções de Luca, agudizadas por uma incrível lucidez, fragmentam cada unidade mínima de tempo, cada instante, cada gesto, cada olhar, saturado-os de um sentido profundo, reportando-nos a uma corporeidade extrema das sensações, à beira de um limite para além do qual pressente o absoluto desconhecido.
Uma novela intensa e apaixonante que narra, de forma única, a passagem de uma cruel percepção que o protagonista tem do mundo para a descoberta de uma súbita e inesperada vitalidade emocional absoluta. «Aquele Momento» descreve, antes de mais, uma crise existencial, mas é, sobretudo, o diário de alguém que está a apaixonar-se.